quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Uma Notícia Insólita (ou talvez não...)


Banqueiros “imploram” para dar crédito
Maria Teixeira Alves   
6 de Novembro de 2012
Económico on line…

«Ulrich deu o exemplo do seu próprio banco. "No caso do BPI, temos um rácio de transformação de depósitos em crédito de 105%, não temos nenhum problema para dar crédito seja a quem for". E foi mais longe: "Agradeço a quem está a promover o banco de fomento que traga para o BPI essas operações de crédito, porque nós precisamos de dar crédito para ter receitas. Tragam-nos as empresas que querem crédito, eu imploro".»
Pelos vistos os «nossos» banqueiros estão preocupados por não conseguirem colocar no seu mercado aquilo que mais gostam de vender: dinheiro fresco sob a forma de crédito para a produção... Na realidade eles têm gostado mais do «crédito ao consumo», mas esse parece que já deu o que tinha a dar e veio a descambar numa crise da dívida (para o caso dívida privada»). E agora «crédito mal parado» é mais do que muito...
O interesse desta notícia estará no facto de constituir apenas um exemplo «paradigmático» de um dos efeitos «colaterais» da malfadada e pouco conhecida (dos tais «economistas» convencionais) lei da queda tendencial (ou tendência decrescente) da taxa de lucro: o da falta de interesse e motivação para o investimento por parte dos agentes privados cuja motivação principal (única...) é a obtenção de lucro. 
Em contraste com os nossos «economistas» convencionais, no entanto, os nossos empresários parece que têm uma percepção (intuição?...) de como é que a coisa funciona. Como que sentem que a expectativa de lucro é muito reduzida, quer porque sentem o pessimismo dos «mercados consumidores» (do que quer que seja), quer porque se dão conta de que nos tais «mercados consumidores» não haverá - hoje ou a médio prazo - poder de compra (a tal «procura efectiva» de que falava Keynes) para escoar a produção que já aí está, quanto mais aquela que se venha a acrescentar.   
Em resultado disto tudo, e a nível da sociedade como um todo, aquilo que temos é um sistema económico a comportar-se como uma espécie de animal anémico (alguns dirão mesmo moribundo...), que teria «desistido de viver», esparramado e à espera de alguma coisa que venha de fora e lhe dê outro destino ou reanimação...
«Eles» bem avançam e acenam com incitamentos e palavras de coragem («vamos lá. que isto avança»...) e com «estímulos» fiscais e «quantitatve easing», mas o bicho não há meio de mexer...  
O problema é que numa economia globalizada, quando as empresas multinacionais «deram a volta» ao Planeta e já não há mais «terra por explorar», não há mais «qualquer coisa que enha lá de fora» a puxar pela expansão do sistema. 
A menos que a colectividade organizada e consciente de si mesma - o Estado - tome a iniciativa, «isto» não sai da estagnação... Ou há guerra (para recriar zonas de expansão) ou há Socialismo...