quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Bancos e Banqueiros nalguma Tradição Medieval

Anda por aí na literatura, em algumas «redes sociais» e em alguma imprensa a ideia de um possível retrocesso histórico a uma espécie de «Uma Nova Idade Média»...
Pois bem , num livro de um senhor Stephen Zalegna (do «American Institute of Money», 2002) intitulado
 «The Lost Science of Money - The Mythology of Money, the Story of Power» 
 vem a certa altura esta coisa deliciosa:
«These banks were private enterprises and ran into typical banking troubles, as seen from the banking laws enacted (na  Catalunha) in 1300-1301: "No money lender shall keep a bank in any place in Catalonia unless he shall fisrt given assurance (a bond)... "No moneychanger who may fail, and none who has recently failed or in times past has failed, shall again keep a bank or hold any office under the Crown" and "Until he shall have satisfied all demands, he shall be detained on a diet of bread and water."
An appendix was added in 1321:
"If no such settlement is made, they shall be proclaimed bankrupt and disgraced by the public crier in the places in which they failed and throughout Catalonia. They shall be behead and their property shall be sold for the satisfaction of their creditors by the Court... Neither we nor the most high heir apparent, nor our successors may pardon any money changers who have failed or may henforth failed". And "In 1360 Fracesh Castello was beheaded in front of his bank"».
Em tradução algo liberal mas o mais fiel possível será assim: 
 
«Estes bancos eram empresas privadas e incorreram nos típicos problemas bancários, como se pode ver pelas leis bancárias decretadas (na Catalunha ) em 1300-1301: "Nenhum prestamista poderá manter um banco em qualquer lugar na Catalunha, a menos que antes disso dê certeza de garantias (bens susceptíveis de confisco...) "Nenhum cambista que possa falir, e nenhum que tenha falido, recentemente ou no passado, poderá abrir novamente um banco ou ocupar qualquer cargo (público) sob a Coroa" e “Até que tenha satisfeito todas as exigências, deve ser detido numa dieta de pão e água."
Em 1331 foi acrescentado um apêndice:
"Se não for feita tal liquidação (de dívidas), (esses prestamistas) devem ser proclamados falidos e desgraçados (denunciados) pelo pregoeiro público nos lugares em que eles tenham falido e em toda a Catalunha . Serão decapitados e as suas propriedades serão vendidas para a satisfação dos seus credores pelo Tribunal. .. Nem nós (o soberano...), nem o (nosso...) mais alto herdeiro, nem nossos sucessores poderão perdoar quaisquer cambistas que tenham falido ou possam vir a falir”.
E "em 1360 Fracesh Castello foi decapitado na frente de seu banco" ».
 
Esta estória da decapitação do banqueiro Fracesh Castello vem também referida no livro 

Meltdown: Money, Debt and the Wealth of Nations, Volume 4, página 231.

Colectância de ensaios e artigos editada por William Krehm
Journal of the Committee on Monetary and Economic Reform, January 2004 to June 2005
Olha se alguém leva a sério esta estória de um eventual retrocesso a uma «Nova Idade Média»...
Chiça, ainda bem que não sou banqueiro nem estamos na Catalunha...

terça-feira, 19 de novembro de 2013

O Poder da Barreira Ideológica

Eles queimaram Giorgano Bruno porque cometeu a heresia de tentar explicar que o Sol era apenas mais uma estrela entre tantas outras no Universo. Nicolau Copérnico teve medo de publicar em vida as suas reflexões e descobetras sobre a natureza do cosmos e dos sistema solar. Eles condenaram Galileo a uma prisão domicilária vitalícia (e mesmo assim porque o dito Galileo «abjurou» da suas tese herética de que a Terra girava à volta do Sol.
São apenas três exemplos históricos que me ocorrem (coisas profundas de quem tem pouco mais com que se entreter...) a propósito de mais uma daquelas parvoíces com que, de vez em quando (ou melhor, com demasiada frequência!...) nos vais brindando o muy ilustre e nunca demais badalado professor catedrático da Universidade Católica, João César das Neves.
Parece que só assim, escrevendo parvoeiras, o homem consegue que se fale dele.
Desta vez «parvoou» forte. 
Só pode ser porque a ideologia ou escolástica académica (uma «ideologia matematicamente pura»...) que lhe inculcaram na Universidade o impede de ver melhor e sobretudo «mais longe».
Entre a parvoeira de «a maioria dos pensionistas com uma pensão de 600 euros» fingirem que são pobres para «defenderem o seu» e a parvoeira de que a solução (ou saída) para a crise em que estamos seria mesmo «reduzir ainda mais os salários», venha o diabo (cruz, credo...) e escolha.
No caso do «fingimento» a coisa atinge o nível do insulto desbragado, indigno de um ilustre catedrático.
No caso de uma maior «redução dos salários» a coisa entra no campo da estupidez, pura e dura. Parafraseando um outro ilustre catedrátio, entretando já falecido, mesmo sendo eu (ou tendo sido) apenas um obscuro «professor auxiliar convidado», um mestrando que me aparecesse com essa ideia peregrina era chumbado e mandado regressar no ano seguinte; depois de instado a estudar melhor a matéria.
Ao nosso ilustre catedrático não se lhe ocorre que todos os países do mundo gostavam de exportar mais (deve ser para isso que serviriam os «salários ainda mais baixos...) de modo a terem - eventualmente - um excedente comercial qualquer, para assim pagarem as suas «dívidas»... E sobretudo não se lhe ocorre que a ideia de todos os países do mundo terem um excedente é uma impossibilidade contabilistica...
«Andam todos ao mesmo», como nos explicava, há uns 30 anos atrás, um professor da Sorbonne num «seminário» de duas semanas intensivas da multinacional em que então trabalhava.
E não se lhe ocorre também que sendo o sistema económico mundial - de âmbito planetário - um sistema fechado, aquilo que se fizer «aqui» tem sempre repercussões «ali»...
Sendo a Universidade Católica um estabelecimento de ensino da Igreja e tendo esta a convicção de que é a representante de Deus na Terra - logo com tendência ao universal, a ver o mundo como um todo integrado confesso que esperava mais e melhor (uma outra visão «universal») de um seu catedrático.
Afinal pensa como um contabilista doméstico.
Mas atenção, tendo feito há mais de cinquenta anos atrás o antigo «Curso Geral de Comércio» (qualificava para ajudante de guarda-livros...) tenho o maior respeito pelos contabilistas.

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Propostas de Engenharia Social

Neste blogue tenho procurado ir reflectindo - de forma esporádica - sobre a lógica e mecanismos de funcionamento do sistema capitalista (é aquele que temos...).
Tudo isso - essas reflexões - na premissa de que (como dizia Kurt Lewin) «não há nada mais práctico do que uma boa teoria». Por outras palavras, na minha modesta opinião, todas as propostas que vai havendo para sair da crise e/ou para «resolver os problemas do mundo», só serão verdadeiramente eficazes se forem baseadas num conhecimento de tidpo ciêntífico sobre os referidos mecanismos (e sua lógica) do funcionamento do sistema capitalista.
Em todo o caso, no entanto, sempre será possível - nada impede - que haja soluções que «acertem» tal como acontecia com o conhecimento empirico dos engenheiros e arquitectos que construiram (ou fizeram construir) grandes estruturas físicas (aquedutos, pontes, catedrais...) sem terem conhecimento da natureza íntima da teoria gravitacional e da «atracção universal dos corpos celestes».
Pois bem, de vez em quando aparecem propostas a que talvez valha a pena prestar atenção....
É o caso de uma «proposta vinda da periferia do mundo» 
 
BUEN VIVIR

 A pedido dos seus organizadores - a Organização Não Governamental CIDAC - trago aqui a notícia de uma conferência a realizar no Auditório 3 da Fundação Gulbenkian, no próximo dia 7 de Novembro pelas 18:30.