... E a pensar em alguns comentários encontrados no Facebook.
Ponto 1. Não há como separar a
Política da Economia. Ou seja, não há problemas económicos
separados (distintos, alheios a...) problemas políticos. Aliás a
disciplina que estudava isso tudo começou por se chamar Economia
Política... Era isso que estudavam Adam Smith, David Ricardo, John
Stuart Mill e tantos, tantos outros. Até que inventaram uma coisa
chamada «Economics»...
Ponto 2. Importa separar o nível
analítico da «gestão empresarial» dos níveis analíticos (ou
perspectivas) da «gestão financeira», da «contabilidade de
custos»...
Ponto 3. Importa também distinguir a
questão da «gestão empresarial» da questão da «propriedade do
capital».
Ponto 4. As pessoas que defendem a
ideia de que o «Estado» (a colectividade politicamente organizada e
soberana) tem que ser menos bom gestor do que o «Privado», são as
pessoas que devem demonstrar tal facto, quer em termos de «dedução
teórica» (recorrendo aos saberes das disciplinas da Psicologia
Social e das Técnicas de Gestão, por exemplo...), quer em termos de
evidência empírica (dando exemplos históricos suficientes...).
Ponto 5. Pela minha parte estou
disponível para dar exemplos do contrário. Ou seja, que foi a
iniciativa pública (decisão do poder soberano de alguns Estados)
que esteve na origem de algumas das maiores e melhor sucedidas
empresas do mundo.
Ponto 6. Tal como a Estatística, sendo
uma disciplina rigorosa, pode ser manipulada e/ou instrumental na
defesa de interesses escondidos, também a Contabilidade («arte dos
registos económicos»...) pode ser (e tem sido muitas vezes...)
utilizada para esconder realidades económicas objectivas. Os
exemplos recentes são mais que muitos... Todos se lembrarão ainda
do escândalo da ENRON e do conluio com uma das (então) mais
prestigiadas firmas de contabilidade. Não é por acaso que o povo
diz algo como isto, «com a verdade me enganas».
Ponto 7. Tudo isto - todos estes
processos de privatizações «a mata cavalos» - deve ser visto de
uma perspectiva histórica de médio/longo prazo. Tal como explico em
alguns dos meus livros, estamos perante um processo em que os donos
do Capital (na sua expressão financeira...) perante uma situação
histórica de «esgotamento progressivo (e matematicamente relativo -
sublinho o relativo) das oportunidades de investimento reprodutivo de
bens e serviços (há dinheiro a mais e «casas», «roupas» e
«automóveis» também a mais para o poder de compra disponível),
pois esses donos do Capital (na sua expressão financeira...),
viram-se para outras aplicações: comprar o que já existe (e que
até estava no domínio público - as estradas... - e,
significativamente, a dívida pública.
Ponto 8. É desta perspectiva que eu
analiso (e critico...) a privatização da TAP. O resto, com todo o
respeito e simpatia, são detalhes de «lana caprina»...