«O perigo da queda dos BRIC»
«Se a pujança dos BRIC serviu no passado para atenuar o efeito do crescimento decepcionante nas principais potências mundiais, como os EUA e a Alemanha, a sua queda pode ter consequências imprevisíveis na economia global.»
É verdade, aquilo pode ter «consequências imprevisíveis na economia global.» Ou talvez não sejam tão imprevisíveis assim...
A
ver se eu consigo explicar isto em «meia-dúzia» de parágrafos...
1.
A economia global - o planeta como um todo - entrou em estagnação
mais ou menos há uns 40 anos.
2.
Durante uns primeiros anos houve baldúrdia e confusão mas depois
inventaram o consumo generalizado a crédito (nos países do
«centro») e a «coisa» disfarçou...
Ou
seja, «empurraram o problema com a barriga»... Ou varreram o «lixo»
para debaixo do tapete.
3.
Entretanto os países da «periferia» de maior dimensão - muito em
particular a China - com tradição («institucionalizada»...) de
«dirigismo estatal», os que vieram a ser chamados de BRICS,
começaram a crescer e, durante uns anos, reanimaram a dita cuja
«economia global».
4.
A «economia global» é um sistema fechado (não exporta nada para
Marte nem importa nada de Vénus...). Ou
seja, está tudo interligado. O que se exporta para um lado tem que
ser importado por outro lado qualquer. E
todos os países querem uma impossibilidade matemática (terem todos
excedentes na respectiva balança de transacções).
5.
Com o rebentar da crise da bolha financeira dos «subprime» -
exemplo máximo do consumo a crédito - e sua propagação ao resto
do planeta, tornou-se mais visível a estagnação relativa (há uns
tantos que continuam a «engordar» dando a ilusão de que o sistema
não está estagnado) da economia global.
6.
A economia de comando estatal chinesa, também já foi - de há uns
anos a esta parte - «infectada» pela lógica intrínseca do sistema
capitalista.
E,
como tal, mais tarde ou mais cedo teria que entrar em estagnação
«local».
A
menos que o Estado chinês - por via do Partido Comunista Chinês -
tome decisões adequadas (orientadas para o mercado interno) e que
sejam contrárias àquela lógica intrínseca do sistema capitalista,
estamos todos bem encaminhados para o desastre global.
7.
Tudo isto - toda esta «lógica intrínseca» - está dependente (de
modo crucial e incontornável) de uma coisa chamada «lei da queda
tendencial da taxa de lucro».
Algo
que ando a procurar explicar (a quem me quer ouvir, claro...) desde
há uns 35 anos anos a esta parte.
Entretanto, e como diria Keynes, «prefiro estar vagamente certo do que exactamente errado»...