O total dos capitais
financeiros escondidos nos refúgios fiscais já tem sido estimado –
num cálculo prudente e por várias entidades – em qualquer coisa
como 20 a 30 milhões de milhões de dólares. O PIB de um país como
Portugal é de aproximadamente 250 mil milhões de dólares. De todo
aquele capital financeiro, muito é «capital fictício» (também
criado ardilosamente pelos executivos dos bancos privados por esse
mundo fora...), mas não deixa de representar poder de compra e
eventuais títulos de propriedade de coisas mais palpáveis do que o
dinheiro...
Ou seja, o dinheiro todo
que está escondido nos tais refúgios fiscais (desde a City of
London, às diversas ilhas tropicais, passando por Hong-Kong e
outros locais menos exóticos, como o Luxemburgo ou a Suíça...) é
mais ou menos equivalente a 80 a 120 vezes o PIB de Portugal.
Ora acontece que todo
aquele capital financeiro precisa de ser aplicado... Os seus
proprietários e respectivos gestores não gostam de ver todo aquele
dinheiro parado...
Por outro lado as grandes
e muito grandes empresas continuam a declarar lucros (algumas um
pouco menos do que antes, mas lucros...) e portanto a acumular
excedentes. Esses excedentes, nas mãos dos respectivos gestores e
executivos são em parte para aplicar em investimentos e projectos
que «já vêm de trás...»; ou seja «estavam previstos e
ou planeados a prazo»...
Por outras palavras,
muitas das grandes e muito grandes empresas não precisam para nada
de «dinheiro adicional». Quando muito precisam que os bancos –
alguns bancos – as «ajudem» na gestão de carteiras de títulos,
processos de aglomeração empresarial e de fluxos financeiros.
No que diz respeito às
colossais fortunas (muitas delas confiadas a «fundos de
investimento) que estão escondidas nos tais refúgios fiscais, essas
sempre continuam e continuarão à procura de «aplicação»
minimamente rentável. Mas, como continuam a escassear as
oportunidades para «aplicar» esse dinheiro em investimentos
produtivos (na chamada economia real...), então, o mais natural é
que pensem, «do mal o menos... Vamos lá emprestar algum
desse dinheiro a países como Portugal». Se
ainda por cima houver umas entidades com o aval de um país com
excedentes comerciais (a Alemanha, o BCE e o FEEF...) então «vamos
a isso»...
Nessas
circunstâncias, aumentando a oferta de dinheiro para emprestar, o
mais natural é que o seu preço (os juros...) desçam. E entretanto,
no meio dessa onda de âmbito global, e como é natural, os espertos
que nos (des)governam aproveitam logo para dizer qualquer coisa como
«é porque nós somos bem comportados que eles nos
emprestam dinheiro a juros mais reduzidos»...
Presunção e água benta...
É importante fazer circular estes esclarecimentos.
ResponderEliminarNo meio disto tudo, o mais patéticamente dramático e absurdo é que os milhares de milhões de euros que todos nós vamos tendo que ir pagando - até quando?... - não vão servir para mais nada senão para aumentar o tal «pote dourado» de capital financeiro e cada vez mais disfuncional... Agora vão lá explicar isso aos SENHORES deste mundo...
ResponderEliminarTudo isso se resolvia se seguíssemos a sugestão de um camarada da extinta Reforma Agrária: «o dinheiro devia ser como os alhos que com o tempo acabam por chochar».
ResponderEliminar