quinta-feira, 28 de março de 2013

Sobre a Crise de Sobreprodução...

Escrito em tons de melancolia ao sabor da espuma dos dias...
E algo desapontado com esta chachada toda... É que pregar no deserto cansa...
Entretanto, sonhar (ainda) não é proíbido e para lá de sonhar com o euromilhões haverá também aqueles que sonham com outros tempos e outros mundos, assim como há certamente aqueles a quem não é estranha a frase «o sonho comanda a vida»...
Mas chega de idealismos de «realidades imaginadas» - do tipo retratado no filme Matrix - e procuremos olhar a realidade com que se vão confrontando cada vez mais milhões de famílias por esse mundo.
A mim, às vezes, dá-me para sonhar com um cenário em que as pessoas, em particular aquelas que têm alguma responsabilidade institucional, venham a entender a lógica intrínseca do sistema capitalista.
Que é aquele em que vivemos há várias décadas. 
De há uns anos a esta parte que muitos estudiosos da sociedade, de formação teórica marxista, procuram alertar o mundo para um facto relativamente simples de entender:  estamos todos (o mundo inteiro, o sistema capitalista na sua totalidade) perante uma crise de sobreprodução. 
Mas a realidade objectiva e incontornável é que a esmagadora a maioria das pessoas - aquelas que votam e elegem estes ignorantes e «génios de vistas curtas» para posições de poder político - muito simplesmente não entendem sequer o que significa a expressão  «crise de sobreprodução». 
Se olharmos num qualquer dicionário ou se fizermos uma busca sobre artigos e ensaios publicados onde apareça a expressão  «crise de sobreprodução» ou apenas a palavra  «sobreprodução», verificamos que mesmo em circulos bastante mais esclarecidos há ainda muita confusão, relativamente aos conceitos de causa e efeito, no que diz respeito à Crise.  
Estou aqui a pensar, entre outras, numa confusão do estilo daquela que será evocada pela pergunat tola que alguns pseudo espertinhos fazem quando não têm nada mais engraçado para perguntar, «o que veio primeiro, o ovo ou a galinha»...   
Como deverá ser evidente não é pergunta que se faça seriamente a qualquer aprendiz de Biologia... Entretanto, de vez em quando, vai havendo alguns senhores em posição de destaque no mundo da governação política e das finanças - e que procuram esconder-se por detrás de uma alegada incapacidade da regulação financeira («isto era impossível de prever»...) - que falam em «sistema hiper complexo» (até parece que sabem do que falam...).
Claro que vivemos num mundo hipercomplexo... Mas isso não impede (antes exige) capacidade de análise e de interpretação. E isso significa que se pode (e se deve) seleccionar uma ou duas variáveis específicas, cuja evolução se possa então monitorizar. 
Por exemplo: a «quantidade concreta de coisas» que se vão produzindo; o «poder de compra» que vai estando disponível para comprar («dar vazão»...) a todas essas coisas que se vão produzindo; a(s) taxa(s) de juro(s) praticadas pelos bancos. 
Até aqui são apenas 3 (três...) variáveis...
Podemos acrescentar mais algumas: o «montante do crédito ao consumo» ou o «nível geral do emprego»... 
Depois há também aquilo que alguns analistas chamam de «indicadores secundários»... Como a frequência e dimensão de «Saldos», «Rebajas», «Soldes», «Vertrieb»...
Suspeito que perante uma situação como aquela que vivemos - se isto tudo fosse representado numa peça de teatro escolar - qualquer uma das crianças na plateia, à semelhança daquela criança de «o Rei vai nu...», era capaz de perguntar «e porque é que não produzem menos» ?  
Claro que seria necessário explicar a essa criança que os donos do «teatro» não produziam demais porque fosse essa a sua vontade. Eles só sabiam que tinham produzido demais, depois de o terem feito. 
E que aquilo que aquilo que tinham produzido não lhes interessava, nem muito nem pouco. 
Aquilo que eles tinham querido obter era outra coisa... Uma coisa chamada  lucro.
Mas, continuando a explicar à tal criança, de facto talvez não fosse má ideia produzir um pouco menos.
Para começar a «resolver o problema, claro...
Depois de muitas outras explicações, para as quais não tenho agora muita pachorra, talvez a «minha» criança acabasse por perguntar,
 «QUANDO AS MÁQUINAS FIZEREM QUASE TUDO, O QUE VÃO «ELES» - os donos do Teatro - FAZER COM AS PESSOAS?...»

2 comentários:

  1. As máquinas ainda não fazem tudo e a questão está na ordem do dia. "e as pessoas Senhor!?..."

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  2. De facto as máquinas ainda não fazem tudo... Por mim duvido que alguma vez venham a «fazer tudo»... E, de facto, o problema central desta história são as pessoas. Coisa que tem a ver com a «capacidade de consumo» (olhando até o problema de um ponto de vista do sistema capitalista...) e com aquilo que cada um tem contribuído para a produção de coisas «úteis ao sistema»... O que nos levaria ao problema (estúpido problema) dos «não sei quantas» centenas de milhar de pensionistas que «nunca descontaram»... Como se as centenas de milhar des «donas de casa», camponeses e artesãos «auto-empregados» e que «nunca descontaram», não tivessem dado um enorme contributo para a produção de «coisas úteis ao sistema»... E como se o facto de poderem agora consumir (terem poder de compra) sem nunca terem «descontado», não fosse útil para o próprio sistema capitalista. Mas isto de comentar comentários é como as cerejas e assim é melhor deixar estas outras reflexões para uma outra mensagem...

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