1.
O sistema capitalista precisa de estar sempre a crescer e a
acumular, sempre em busca de novos mercados e em expansão.
2.
O lucro é aquilo que funciona como motor e «cenoura» da dinâmica
do sistema. Por outro lado, aquilo que funciona como acelerador (ou
ainda como travão e caixa de velocidades) do sistema é a taxa
de lucro...
3.
Acontece também (facto historicamente comprovado) que não há um
condutor ou coordenador da dinâmica global sistémica e que a taxa
de lucro sobe, estagna e desce.
4.
Entretanto… à escala do sistema global, o lucro da
actividade empresarial produtiva é suposto repartir-se entre Rendas
(a pagar aos «senhorios» ou proprietários do espaço físico),
Juros (a pagar aos Bancos ou depositários e controladores do
capital financeiro) e Impostos a pagar ao Estado (ou entidade
responsável pela administração da «coisa pública», sem a qual
não há sistema que funcione.
5.
Quando a taxa de lucro estagna e começa a descer, reduz-se o
grau de atracção de novos investimentos e é preciso
encontrar saídas para o valor excedente potencial dando
origem à sua conversão em excedentes financeiros.
6.
Ainda quando a taxa de lucro começa a descer,
e para manter incólume (ou
se possível aumentar) a massa
dos lucros, os agentes do Capital procuram naturalmente
reduzir as transferências para os «senhorios», para os bancos e
para o Estado…
7.
Como os agentes do Capital se combinam facilmente com os «senhorios»
e com os «bancos», os «custos» dessa redução acabam sempre por
sobrar para a Res Pública...
8.
Daí veio a resultar uma exigência de redução nas taxas dos
impostos tipo IRC (aplicáveis às empresas) e de tipo IRS
(aplicáveis aos donos e agentes do Capital), tendo daí vindo a
resultar uma natural concorrência fiscal entre os Estados.
9.
Entretanto… Os agentes e
donos do Capital procuraram
e conseguiram a manipulação das normas de contabilidade empresarial
internacional de modo a poderem deixar de declarar em cada Estado o
valor real das suas actividades aí localizadas.
10.
Procuraram e conseguiram também a flexibilização dos padrões e
enquadramento legal da praxis de auditoria empresarial, de modo a que
fossem relaxadas as penalidades por erros (mal ou bem intencionados)
nas auditorias às contas das grandes empresas multinacionais.
11.
Os donos e agentes do capital financeiro procuraram e conseguiram a
liberalização (desregulada) dos movimentos de capitais financeiros,
de que o «bigger bang» da
explosão dos «Euromarkets» é
o mais claro exemplo.
12.
Entretanto… Da continuada
evolução científica e tecnológica têm vindo a resultar
continuados ganhos de
produtividade dos quais também vêem a resultar «compressão dos
salários» e «desemprego sistémico»... Logo, uma redução do
poder de compra agregado e à escala global do sistema...
13.
Se a lógica intrínseca do sistema conduz a uma redução do poder
de compra agregado (de modo desproporcionado para o volume de bens e
serviços que vão sendo produzidos) há que facilitar o acesso ao
crédito.
14.
Dessa necessidade de facilitação de acesso ao crédito veio a
resultar uma dupla bifurcação nas taxas de juro (o preço do
dinheiro). Por um lado, tivemos (e temos) a redução sistémica das
taxas de juro dos bancos centrais para encorajar o investimento por
parte das empresas (como se elas disso precisassem ou fosse esse –
o supostamente elevado «custo do dinheiro» - aquilo de impede ou
desencoraja o investimento. Por outro lado tivemos e temos uma
«orgia» do crédito ao consumo, fácil mas caro.
15.
Para essa «orgia» do crédito ao consumo foi necessária a abolição
das «Leis da Usura» (leis essas que vigoravam, desde tempos
imemoriais, na prática socialmente aceite em todos os povos, e
transcrita nas leis de muitos Estados); algo que foi conseguido
através da permissão de taxas de juro sem limitações ou controle
por parte das autoridades de regulação. Verificou-se assim um
aumento exponencial do consumo a crédito e da dívida privada.
16.
Entretanto, da redução das taxas de impostos referidas mais atrás,
veio naturalmente a resultar um aumento do défice público e
consequente aumento da dívida pública.
17.
Na medida em que «com uma corda não se empurra uma carroça»,
tem-se vindo também a verificar uma inoperância da redução das
taxas de juro para o investimento, em conseguir reanimar a economia e
pô-la de novo a crescer.
18.
No caso específico da zona Euro, a «Banca» tem-se aproveitado das
taxas reduzidas do BCE para se enriquecer através do «financiamento»
da dívida pública dos países mais afectados.
19.
Das crises de dívida pública tem resultado um aumento da «fuga de
capitais» em busca de refúgio fiscal, sendo que uma parte desses
capitais (até então «parados») acaba por reentrar nos países em crise de dívida sob a
forma de compra de «títulos do tesouro».
20.
Como nada disso reanima a economia real, daí tem resultado uma
espiral recessiva e consequente propensão para a instabilidade, o
caos e a guerra...
Seja bem-vindo! para quando o "livrinho" sobre os offshore?
ResponderEliminar