b) «Falaste de acumulação.
Lembrei-me da tese de Marz sobre a acumulação primitiva: A
propósito da China, não se estará na fase da "acumuluação
primitiva socialista"? Era a tese do Preobrajenski (não sei se
é assim o nome, estou a escrever de memória)
Lenine não fez o mesmo
com a NEP? Claro que haverá sempre o perigo dos capitalistas tomarem
o poder. Como aconteceu na URSS.
Quando tiveres tempo,
gostaria de nos voltarmos a encontrar para trocar ideias sobre estas
questões teórico-práticas.»
Esta segunda Questão apresenta-se como sendo mais de cariz histórico-político.
A Acumulação Primitiva
Na minha leitura de Marx, quando ele falava em «acumulação
primitiva» estava a falar dos múltiplos processos sociais de
acumulação de riqueza que antecederam a emergência e triunfo do
modo de produção capitalista. Nesta minha leitura (outros poderão ver a coisa de modo distinto...) está também implícita a ideia
das relações entre, por um lado o poder político (o «Princípe» ou o poder da «espada»...) e, por outro lado o
poder económico (o dinheiro ou o poder dos «mercadores»...).
Em muitas civilizações que nos precederam, aquilo a que agora poderíamos chamar de
«acumulação primitiva» tanto se podia concretizar em estradas,
pontes, aquedutos e canais de irrigação, ou ainda socalcos para o cultivo de
vinhedos ou de arroz de sequeiro, como se poderia concretizar em
catedrais ou pirâmides de utilidade económica e social mais do que
duvidosa.
Nesse contexto a acumulação imposta por Lenine e Estaline (por
exemplo!...) não é muito diferente da acumulação imposta pelo Marquês
de Pombal ou por Colbert. Quanto a mim será «apenas» uma (enorme) questão de grau!...Lembro a esse respeito aquela famosa definição de Lenine sobre o que seria p comunismo (no imediato do seu tempo e em termos de Política Económica»): «a electrificação da Russia e o poder dos sovietes»... Para o caso que aqui me interessa ilucidar, foco a atenção na «electrificação»...
O chamarmos àqueles processos de acumulação de «capital-máquina» do tempo do mercantilismo (como a algumas manifestações actuais do mesmo processo económico), «acumulação primitiva socialista» ou «capitalismo de Estado» (ou outra coisa qualquer...) pode ter interesse
– e por vezes até tem – mas julgo que será útil termos
presente que uma expressão como «acumulação primitiva socialista»
deve querer significar que essa acumulação não é feita sob o
controle de empresas «independentes» mas sim sob o controle de
um Estado ao serviço da generalidade das classes trabalhadoras e não
só dos executivos dirigentes daquelas empresas.
Sem comentários:
Enviar um comentário