Quando se fala em economia do desenvolvimento e de crescimento económico, há uns senhores da teoria económica convencional que nos dizem ser razoável (e até bom) para o sistema que os ricos ganhem desproporcionalmente mais do que os pobres, na medida em que os ricos têm (dizem eles) uma maior propensão marginal para a poupança, enquanto que os pobres têm uma maior (ou mesmo muito maior) propensão marginal para o consumo; do estilo «pataca ganha, pataca gasta». Enquanto que os ricos tendo uma maior propensão (marginal) para a poupança (não gastam, em consumo, tudo aquilo que ganham) estariam naturalmente melhor colocados para fazer investimento. Coisa que é fundamental para o crescimento económico.
Tudo isto parece muito razoável, quase que do senso comum e, em determinadas circunstâncias históricas, até parece ter sido assim que a coisa funcionou.
O problema aqui, é a falta de perspetiva histórica e de pensar dialéticamente: as coisas em movimento, o permanente devir e transformação da sociedade... O que funcionou ontem pode não funcionar hoje...
Neste contexto e nas actuais circunstâncias históricas justificar-se-ia exigir aos senhores mais ricos deste mundo, em particular no caso de um país como Portugal ou a Grécia, que nos facilitassem uma lista das aplicações das suas poupanças. Esta exigência é válida ou relevante para qualquer país mas, para já, contentemo-nos em começar por alguns países mais representativos do tipo de crise em que nos encontramos. Os senhores mais ricos, que têm acumulado lucros e prémios (mais ou menos chorudos) pela sua gestão empresarial que nos informem sobre quais os investimentos que têm feito em coisa concretas, em empreendimentos reprodutivos e sustentáveis, com criação de postos de trabalho e valor acrescentado.Dizem-nos (os tais defensores da teoria económica convencional) que eles – os que ganham mais dinheiro - até são empresários de sucesso e especialmente dotados de um decantado «espírico empreendedor». É que, de acordo com a teoria convencional, até é para isso, para aumentar o investimento, que serve a tal maior propensão marginal para a popupança. Por outras palavras, para onde é que eles levam o dinheiro ?... Pergunta legítima, ou não?!...
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