sexta-feira, 18 de novembro de 2011

«Economistas» e «Geógrafos»

Procuremos imaginar uns geógrafos muito competentes e conhecedores de todos os detalhes da superfície visivel do nosso planeta. Por estudo aprofundado saberiam mesmo explicar o modo como os ventos e as chuvas, as neves o granizo e o calor, vão causando erosão e deslizes de terras... Estudariam bem e compreenderiam como os diversos grupos humanos formam os seus habitats e vão alterando o meio ambiente vegetal... Haveria aí os geógrafos que se especializariam em geografia humana e outros que se especializariam em geografia física ao nível da descrição detalhada de rios, montanhas, lagos, vales, florestas e desertos, correntes marítimas e ventos dominantes...

Mas agora imaginemos também que, por um bambúrrio do acaso, esses geógrafos seriam perfeitamente desconhecedores de coisas como as placas tectónicas ou a deriva dos continentes... Eu sei que a hipótese desse «bambúrrio do acaso» é perfeitamente estapafúrdia. Não há geógrafos que fossem assim tão ignorantes das coisas da geologia. Mas a questão para que quero chamar a atenção é que os nossos economistas convencionais, aqueles que nos vão (des)governando ou servindo de eminências pardas de «políticos-que-fazem-papel-de-papagaios», esses economistas convencionais estão para o conhecimento da economia (a verdadeira, a autêntica, aquela que produz casa, roupas e comida...) como os tais imaginários «geógrafos-que-não-conhecem-as-placas-tectónicas» estariam para a geologia.

Como resultará natural, quando houver – e sempre os vai havendo – tremores de terra, esses tais imaginários «geógrafos-que-não-conhecem-as-placas-tectónicas» ficariam assustados e sem saber como explicar o sucedido... Provavelmente, à semelhança dos nossos economistas convencionais lá arranjariam explicações epistemologicamente equivalentes às explicações que têm sido propostas para o «tremor de terra» que tem sido esta crise: ganância de alguns, desregulação mal elaborada, intervenção exagerada dos governos em coisas que não lhes dizem respeito, etc., etc., etc...

Aquilo que no plano económico tem vindo a acontecer no nível «geológico» do sistema económico (aquele nível que simplesmente não é visível), isso pura e simplesmente passa despercebido... E é também por isso que aquela «meia-dúzia» de economistas não convencionais (e outros cientistas sociais) que se entretêm a estudar estas coisas, vão procurando explicar - de um modo distinto e claramente alternativo - as causas da crise e alguns, pasme-se, até a viram chegar com muita antecedência...Utilizando para isso coisas «metafísicas» (dizem eles, os convencionais) como «exploração, «valor», «pensamento dialéctico»...

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