Tal como referido em mensagem anterior, há uns dias atrás veio a lume o texto de uma palestra proferida pelo sr. George Soros perante um auditório constituído por membros das elites alemãs.
O tema dessa palestra seria então o da Alemanha, a política prosseguida pela sra. Merkel, a crise da dívida dos países «periféricos» e os «eurobonds».
Em resumo, e depois de várias considerações sobre o percurso da União Europeia e aquilo que estava a acontecer e o porquê da sua preocupação com o rumo dos acontecimentos (a ponto de se arriscar a «antagonizar os Alemães»), aquilo que Georges Soros
procurou explicar ao seus auditores alemães era que a Alemanha tinha
três opções:
Opção número 1. «Deixar
andar»; por outras palavras, continuar com alguns apoios fnanceiros a conta-gotas e
apenas para tentar evitar o pior (ou seja, digo eu, a falência de
alguns bancos alemães).
Opção número 2. Adoptar/apoiar de
imediato e com grande firmeza mediática o sistema de financiamento «eurobonds». Ou seja, digo eu – e dizem todos, claro – a mutualização da
dívida pública de todos os países membros da zona euro).
Opção número 3. A Alemanha sair
do euro e deixar aos outros países (a começar pela França, Itália
e Espanha, digo eu...) a opção de esses outros países manterem o
euro e emitirem eles em conjunto os seus «eurobonds».
Para Georges Soros, a
pior da opções é a primeira.
A melhor das opções
seria a segunda.
A terceira opção seria
um aparente «mal menor» para a Alemanha e uma saída ou alívio
(o «acordar de um pesadelo»...) para todos os outros países, em particular os chamados países periféricos (digo eu...).
Na opinião de Georges
Soros a saida da Alemanha do euro teria para as empresas alemãs o
inconveniente de as suas exportações se tornarem ainda mais caras
(o novo Marco alemão valorizar-se-ia de imediato) e os créditos dos
bancos alemães (em euros) sobre os parceiros europeus ficariam de
imediato algo desvalorizados.
Por outro lado, esses
«eurobonds», mesmo
sem a participação da Alemanha, seriam ainda assim uma melhor aplicação financeira
– mais atraente para os «mercados» - do que os «bonds»
(obrigações do tesouro) em iénes, libras ou dólares.
A consequência mais importante seria a de que os
encargos com a dívida dos países que continuassem com o euro como
moeda comum ficavam de imediato mais reduzidos; quer pelo efeito de
desvalorização do euro, quer pelo efeito de aumento do PIB por
aumento da actividade económica.
Um resultado ou consequência «nada
menos do que milagrosa»...
Soros dixit...
Por outro lado, a retoma da actividade económica nos países que
permanecessem no euro iria mais do que compensar os custos da saída
do euro da Alemanha e de um ou outro país que optasse por permanecer
aos ditames do Bundesbank (hoje intermediados pelo BCE).
Em todo o caso, tudo isto
são elocubrações muito interessantes mas com muito poucos reflexos
na realidade dos factos. Para além dos ditames da geografia física
(a Alemanha está onde está...), nunca, por nunca, passaria pela
cabeça dos dirigentes alemães abdicarem do instrumento – o euro –
que lhes tem justamente permitido submeter à vontade dos seus
patrões (as empresas multinancionais de origem alemã...) os
destinos dos trabalhadortes europeus.
Por mim partilho
inteiramente do «pessimismo» final (implicito!...) de Georges Soros
quando disse aos seus auditores alemães que o fim do euro seria
provavelmente o fim da União Europeia.
No que respeita a
Portugal – regressando à opiniões dos participantes no debate do
«Prós e Contras» desta última Segunda-Feira – a saída ou não
saída do euro é uma falsa questão.
Aliás tudo isto tem
muito de jogadas de «poker»...
Imaginem qual seria a
reacção do sr. Schauble e quejandos se amanhã um ministro
plenipotenciário da República informasse «Bruxelas» e «Frankfurt»
de que Portugal quer deixar o euro...
Finalmente - e para concluir este breve apontamento - tudo «isto» seria muito bonito se houvesse no sistema, por parte dos seus agentes económicos supostamente «mais empreendedores», qualquer interesse novo ou motivação para o investimento reprodutivo de riqueza efectiva, não de «riqueza virtual» (ou de «capital fictício»).
Os detentores de grandes fortunas e de capital fugido aos impostos não têm mais qualquer interesse em «aumentar a produção», «criar emprego»...
Os detentores de grandes fortunas e de capital fugido aos impostos não têm mais qualquer interesse em «aumentar a produção», «criar emprego»...
Para compreender minimamente o que se está a passar - com esta falta de motivação sistémica para o investimento - até nem e preciso ir a Marx. O Keynes explicava isso com alguma razoabilidade.
Parafraseando o dito cujo, «se os empresários não investem por falta de motivação, então tem que ser o Estado a investir»...
Mas disso não fala o sr. Geroge Soros, apesar de ser o mecenas patrono do «INET - Institute for New Economic Thinking», onde proliferam muitos keynesianos.
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