Sem muitos comentários - e pela sua oportunidade - transcrevo para aqui um breve texto de um blogue de economistas espalahdos por todo o mundo: «Real World Economics»
«Jeroen
Dijsselbloem (ministro das
finanças da Holanda e presidente do Eurogrupo) fez aquilo
que devia ser feito»
Por Merijnknibbe
Autor
participante do blogue da Revista «Real World Economics»
«Chipre está um
desastre. A meu ver, foram cometidos muitos erros, por exemplo,
durante os anos de expansão de 2004-2007, quando o BCE se recusou a
considerar (de modo separado... GFS) os desenvolvimentos em países
individuais e, por razões ligadas à teoria económica das
«expectativas racionais» (neoliberalismo, digo eu - GFS), equiparou a
estabilidade financeira com uma inflação baixa e estável.
E
não foi o caso de que ninguém tivesse alertado para isso. Em 2002,
Cladio Borio e Philip Lowe (do Banco Internacional de Compensações)
alertaram, já em 1992 Wayne Godley tinha alertado. Um subconjunto
inteiro de crises económicas recebeu até o nome de Minsky.
Depois
da expansão, o BCE falhou ao não implementar taxas de juros reais
efectivamente baixas para as famílias e empresas nos países do Sul
da Europa – deviam ter comprado muito mais obrigações do Tesouro
(daqueles países) e atenção, isso não seria inflacionário numa
situação em que o montante do dinheiro M3 na Grécia declinava em
cerca de 40%.
Bom,
mas não vale a pena chorar sobre triliões estragados. Mas terá
Jeroen Dijsselbloem cometido um erro quando afirmou que os
depositantes com mais de 100.000 deviam levar uma ripada? Claro que
não. Então, por que razão Dijsselbloem levou com toda esta
barragem de críticas na imprensa internacional?
Na
Irlanda, são os pobres quem, neste momento, aguenta com o pagamento
de impostos mais elevados porque os grandes depositantes e detentores
de obrigações seniores dos bancos foram ajudados.
Em
Chipre, esses grandes depositantes e os obrigacionistas têm que se
contentar com “acções Diógenes” (expressão utilizada para
referir “acções desvalorizadas”. Nota de GFS).
Então,
faço de novo a pergunta: “Por que razão toda gente criticou
Dijsselbloem?”»
Notas
adicionais de GFS:
1.
M3 é o agregado de “moeda” de maior dimensão: Para além das
notas e moedas em circulação e montantes de depósitos à ordem,
inclui todas as contas de poupanças, depósitos a prazo de menos de
100.000 dólares (...) assim como todos os outros instrumentos
monetários como será o caso, por exemplo, de depósitos em
eurodólares e depósitos acima dos referidos 100.000 dólares.
2.
“Obrigações séniores” são títulos de dívida que têm
precedência em caso de falência.
3. Gostava
de sublinhar a frase “Na Irlanda, são os pobres quem, neste
momento, aguenta com o pagamento de impostos mais elevados porque os
grandes depositantes e detentores de obrigações seniores dos bancos
foram ajudados”.
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