A situação inicial
Na janela proposta aqui para que se façam «experiências» sobre a possível evolução da taxa de lucro - variável determinante do comportamento de todos os agentes económicos e do sistema como um todo -
Trata-se, naturalmente, de uma situação hipotética que pretende representar um «capitalismo abstracto subjacente ao capitalismo real» de fins do século XVIII. Nisso sigo o autor Ronald Meek (Economics and Ideology and Other Essays, 1967).
Temos então que o capital total à disposição do «capitalista colectivo» aparece aqui como sendo constituído por 12.000 «unidades».
Estas 12.000 «unidades», tanto podem ser expressas sob a forma de «o resultado acumulado de uns tantos milhares de horas de trabalho» como «X toneladas de "alimentos" mais Y «unidades de ferramentas».
A relação aqui assumida - nesta hipotética situação inicial - é a de 1 (uma) unidade de «capital-máquina» (ou capital constante) para 5 (cinco) unidades de capital-pessoas (ou capital variável).
Presume-se também que o colectivo das pessoas trabalhadoras, trabalhando 10 horas por dia, produz o suficiente para que esse «colectivo» se mantenha vivo e activo, assim como o suficiente para a sua reprodução geracional, e ainda mais «alguma coisa» que reverte para os «capitalista colectivo» (ou «factor capital»).
É a esse excedente (que reverte para o «capitalista colectivo») a dividir pela totalidade (as tais 12.000 «unidades») inicialmente «investida» que se chama aqui «taxa de lucro sistémico».
O qual «lucro sistémico» é depois disfarçado, camuflado e recoberto de mil roupagens e maquilhagens de cosméticas pseudo-financeiras, ao ponto de se travestirem prejuízos sistémicos em lucros bolsistas.
Houve um dia em que um meu amigo (professor universitário de matemática) depois de «olhar para isto» fez «quase de imediato» a observação (ou algo assim...) de que «a solução para o sistema funcionar equilibradamente, era reduzir os tempos de trabalho»
Agora procurem lá explicar isto aos «economistas» CONVENCIONAIS que nos desgovernam. Ou então, procurem explicar o significado da expressão: «actuar na conjuntura tendo em conta a estrutura do sistema»
E depois disto, começo a pensar que é mais fácil explicar as minudências da mecânica quântica, o «entrelaçamento das partículas subatómicas» ou a experiência da suposta «dualidade partícula-onda», do que explicar estas coisas da economia política.
Se calhar o Lénine é que tinha razão: para perceber isto tudo, se calhar, primeiro é preciso estudar a «Ciência da Lógica» de Hegel...
Encontrado o ponto de equilíbrio em que a taxa de lucro é tal que permite a estabilidade do sistema (se tal for possível, dadas as variáveis desconhecidas deste modelo que o afectam), o que deve corresponder a um nº de horas de trabalho bem menor, como diz o Prof. de Matemática, estaríamos no ponto de indiferença político-económica. FELIZES! Cheira-me que o sistema é dinâmico e muito susceptível a condições iniciais, o que introduziria desequilíbrios e comportamentos ao longo do tempo altamente oscilatórios. Que é o que este blog tem dito à saciedade. Se o Prof. de Matemática é quem eu penso, até está já provado que para certos valores da carga de exploração a coisa corre mesmo muito mal, independentemente de variáveis externas ao modelo.Os economistas neo-clássicos vivem na crença do equilíbrio. A palavra é CRENÇA. Isso permite explicar os seus comportamentos que estão ao nível do feiticeiro e sacerdote pagão: mezinhas, sangrias e rezas (dicursos) ilógicos para curar doentes e que os conduzem à morte ou à deficiência permanente, ritos estranhos para convencer as pessoas, sacrifícios humanos (políticas de austeridade) e a afirmação de um status social elevado porque o doente e a vítima sacrifical podem morrer mas isso só reforça o status e a imunidade social desses novos feiticeiros que também procuram acumular riqueza acima da média (comem as carcaças dos sacrifícios animais para que todos são obrigados a concorrer). Enfim, analogias que a História inspira. Augusto Carreira
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